29 janeiro, 2010

Querida, estiquei o iPod!

Finalmente um post de tecnologia, pra não desvirtuar meu lado computeiro!

De vez em quando escutava da Mauren que o Steve Jobs consegue gerar um campo de distorção em volta de tudo que ele lança e fazer algo não tão bom assim parecer ótimo. Leia-se: Mac, Macbook, iPod, iPhone, etc, etc, etc (inclua aqui qualquer coisa começada com i).

Tendia a concordar, pensando do ponto de vista técnico. Acho o Sony Walkman muito melhor que o iPod em termos técnicos (qualidade de som, robustez do aparelho, autonomia da bateria, etc). Acho o N97 bem melhor que o iPhone (tem câmera de 5 megapixels com lentes Carl Zeis, 3G, teclado querty, touch screen, funciona como drive USB, tem saída pra TV, multitarefa, copy 'n paste, permite aplicações gratuitas, permite flash, etc, etc, etc). Enfim, não entendia a Apple ter tanto suceso.

Acreditva no "Campo de distorção" do Steve Jobs. Claro que por Campo de Distorção, no fundo achava que a culpa era da midia.

Hoje, discutindo sobre o novo iPad, caiu a ficha mais a fundo da visão de mercado do Jobs. Não que a mídia não tenha ainda um peso razoável na minha opinião (o prefixo i ainda é sinal de status, os filmes/séries ainda mostram a Apple, junto com a Nike), mas é mais que isso.

Tecnicamente? O iPad parece um iPodzão. Não tem multitarefa, não tem 3G, não passa vídeos wide screen, não tem câmera, aplicações são compradas na Apple Store (um ecossistema um tanto fechado em comparação a outros SOs), não tem flash, não tem USB... por ai vai...

Em termos de novidade? Eles simplesmente contruiram um celularzão (sem a parte das ligações), numa era de miniaturização. Mas construiram um bixo bonito, e aparentemente bem fácil de usar.

Não é tão fácil pegar coisas gratuitas, torrents, mp3, etc (por gratuitas, na maioria das vezes pode-se ler roubadas). Mas é facil comprar conteúdo, bem fácil.

Besteira? Agora pensem nas suas mães, avós, tios, etc... Vão usar multitarefas? Vão buscar cracks pra aplicações? Vão saber lidar com um symbian? Vão fazer questão do wide screen? Das lentes Carl Zeis?

Agora pensem no tamanho dos mercados...

Agora coloquem esse novo aparelho num mercado como o americano: um pouco menos adepto da pirataria (lembram do iTunes, vendendo músicas sem complicação a 0,99 e fazendo o iPod crescer?), com internet rápida barata, com muitos pontos de wifi. E um pouco mais adeptos ao consumismo.

E pensem que esse mercado é mais barato, sem a carga de impostos aqui do Brasil. E sem um problema tão grande no tocante a ler usando esse aparelho no metrô (por exemplo) por medo de assalto?


Será que não é uma boa pro tio executivo ler seus jornais? Pro adolescente assistir seus filmes e séries (lembrem-se de que lá tem Hulu, Spotify, etceteras)? Pra mãe de família ver suas receitas enquanto prepara o almoço?

Enfim... eu, como tecnófilo e como alguém que trabalha na área, ainda acho um desperdício de dinheiro. Já fazia tudo isso com meu N95 há anos (e muuuuuito mais: acelerometro, gps, video,câmera, ligações, 3G, aplicações grauitas, flash, USB, saída pra TV, e mais etceteras). Mas não vejo minha mãe usando um N95...

Ainda no quesito "enfim', aqui no Brasil: não temos a internet barata, os muitos pontos de wifi, as Amazon store, os Hulu e Spotify's da vida. Aqui provalemente a venda desse aparelho seria apenas status (acho que a computação nas nuvens me permite algo com menor processamento, mas dai a pagar mais caro pra ter menos processamento que um netbook acho meio estranho).

Mas depois de tudo isso, e tendo em mente o conceito de público alvo (que, no caso da Apple não somos nós), o Steve Jobs é louco ou tem uma puta visão de mercado ao esticar o iPod?

3 comentários:

  1. Se ele é louco, eu nem cérebro tenho ....
    Mas como a pergunta é louco ou "puta visão": louco! hehe

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  2. Palmas para este post... A exposição de idéias foi perfeita!!!

    Bravo!

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